Noite passada sonhou com você, sonhou e não acreditou no que tinha sonhado.
Ah, FLORES! Flores, F-L-O-R-E-S, flores... Três assustadores buquês, três ramalhetes fúnebres! Como odeia flores, como sempre odiou. Como se não bastasse serem rosas ainda vieram em embrulhos azuis, um azul gritante! Um azul escancarado, vivo, mórbido. Um azul que lhe fazia lembrar o sorriso azul elétrico/gritante dele, o jamais esquecido sorriso. Droga, o sorriso! Acompanhado das flores vieram cartas, fotos, ‘pequenas lembranças’, e ele. Acordou com o coração disparado e com medo das recordações que lhe forçavam ver todo aquele passado, sentia-me verdadeiramente desnorteada, sem direção alguma. Nem mesmo a luz do sol conseguia chegar aos meus olhos, aos pensamentos assombrados e ao frio coração. Sabemos que não é amor, sei que não me ouves e que não procuro te ler ansiosamente como sempre fiz. Talvez, sempre soubemos, sempre nos foi permitido enxergar e tão pouco conseguimos ver. Tão pouco nos foi preciso ver. Tão pouco... nos bastou. Precisava de café, precisava esquecer, precisava de um banho e precisava ouvir a voz dele. Se conteve, sentiu-se superior pelo autocontrole que lhe firmava os pés no chão e os dedos no controle; sentiu uma angustia descomunal, cheguei a sentir até uma leve ‘dor’ no peito – talvez, seja um começo de amargura, sentiu tantos desconfortos que transbordou, uma parte dela teve que transbordar. Não agüentei a pressão de estar com os pés fincados no chão e nem tampouco a inutilidade de tantos canais da TV aberta e liguei para a sua casa... um alívio misto de ansiedade extrema fez os segundos transformarem-se em DESESPERO. A voz não era a dele, a respiração não estava no ritmo certo e eu desliguei. Pensei, pensei, pensei que isso nunca vai mudar, pensei que ele nunca mais iria me atender, pensei o quão estava sendo idiota, pensei que não tem importância os meus sonhos noturnos, pensei e adormeci no sofá de gelo. Acordei e pra minha surpresa tive outros sonhos. Sonhos prazerosos e silenciosos. Sonhos tão reais que os transformei em realidade, na mesma tarde. O sonho anterior foi levemente revestido por outro mais concreto, como sempre aconteceu. As flores murcharam, não passaram de saudade esquecida. Como sempre acontece com as míseras/repugnantes flores, murcham.
Não me cabe enxergar tantos sinais.
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